terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Whitney Houston e a sina da valorização pós-morte

O mundo chorou com a morte de Whitney Houston, a diva pop que disse adeus no sábado (11) aos 48 anos. E as homenagens borbulharam na imprensa, redes sociais e Grammy, evento para o qual a cantora sequer foi convidada inicialmente. Aliás, tamanha comoção representa a contradição, em termos de reconhecimento, entre o “artista vivo” e o “artista morto”.

Assim como Vicent Van Gogh (1853-1890) vendeu apenas uma tela enquanto vivo, o talento imenso de Whitney só foi valorizado como deveria agora, quando ela partiu e eternizou sua obra. Anteriormente, as manchetes esqueciam sua voz e salientavam apenas os problemas pessoais como drogas, escândalos e... Vaias!

Pouca gente se lembra, mas após Whitney sair da reabilitação, em 2009, e tentar retomar a carreira de cantora, foi recebida com vaias pelo público. Na Alemanha, em 2010, a plateia não poupou e, além de vaiar, definiu sua voz como “áspera” e “acabada”. O jornal “The Sun” até publicou a manchete sobre sua turnê: “Houston, nós ainda temos um problema”.

AFP

Nos últimos anos, embora se esforçasse – esteve no filme “Sparkle” (Sony Pictures), que será lançado em agosto – Whitney se viu diante de críticas sobre sua vida pessoal. As últimas envolviam uma suposta briga com Prince, voltas à reabilitação, além das manchetes: “Whitney Houston está falida” (RadarOnline) e, a última, “Whitney sai de boate sangrando” (The Sun).

Antecipando o fim de Whitney, o rei do pop Michael Jackson (1958-2009) e a cantora Amy Winehouse (1983-2011) também foram vítimas da valorização post mortem. E, assim como ela, eram massacrados pela mídia (e até por muitos fãs) por suas polêmicas na vida pessoal e uso de drogas.

Considerada uma das grandes cantoras da nova geração, Amy chegou a ser vaiada no Brasil em 2011. Aqui mesmo, em São Paulo, quando apareceu bêbada, errando as letras e tropeçando no palco. Morreu e simplesmente virou diva, seus CDs estouraram em vendas e suas estripulias foram valorizadas como alguém que aproveitou a vida.

AFP


Já Michael, além de lutar para desvincular a imagem de pedófilo, enfrentava as constantes piadinhas sobre sua aparência – cor, cabelo, plásticas e nariz. E seu talento? Ah, também foi lembrado e relembrado após morrer, com direito a covers espalhados como gremlins. Até mesmo um show que preparava virou filme – “This is It” - e um CD com algumas faixas inéditas mobilizaram o mundo.

WireImage


De fato, temos a cultura de valorizar um artista principalmente depois que ele morre. Que diga Elvis Presley, o Rei do Rock, que no fim da carreira já era considerado artista falido e, hoje em dia, fatura muito mais que no tempo em que era vivo. Que diga Whitney Houston que, após as dificuldades financeiras, teria visto o álbum ‘Whitney Houston - The Greatest Hits”, lançado em 2000, liderar as vendas do iTunes em diversos países em fevereiro de 2012.

Um novo fenômeno de vendas entre os fãs que certamente a tiraria da falência e a valorizariam como artista, e o melhor: em vida.
- Naira: Pior que tudo isso é verdade. Mas no meu caso eu conheçi o Michael depois a morte, eu não sabia quem era ele, ninguém me apresentou ele em vida :(

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